terça-feira, setembro 14, 2010

Falando sobre Open Space

Modelos Open Space (desconferência também é outro termo usado) estão ganhando popularidade não só em comunidades hi-tech como fóruns auto-organizados para troca de idéias, networking, aprendizado, conversação, demonstração e interação com outros geeks, mas também em eventos educacionais e corporativos.

O formato é baseado na premissa de que seja qual for o tipo de profissão, as pessoas na audiência não apenas aquelas selecionadas para falar no palco- têm pensamentos interessantes, insights, e habilidades para compartilhar. Todos que presenciam uma desconferência podem participar de alguma forma: se apresentar, falar em um painel, mostrar uma projeção, ou apenas fazer um monte de perguntas.


Como um evento, o caráter da desconferência fica em algum lugar entre aquele de um bazar e aquele de uma sala intelectual, ou seja, é um “mercado de ideias”, de livre pensar. É feito para pensar e para questionar o modelo atual da proposta do tema.


Não há temas específicos (pode haver um grande tema, por exemplo) ou direções para guiá-lo,como em uma típica conferência; o evento é centrado naquilo que pode ser chamado de grupo de discussão. A natureza ad hoc e o custo acessível fazem do modêlo uma possibilidade produtiva para quem o utiliza.


Os princípios que guiam o Open Space são diretamente influenciados pelo trabalho do autor e consultorHarrison Owen, que desenvolveu o formato ou método Open Space World Resources em meados de 1980. Ele publicou Open Space Technology: a User's Guide, em 1993. Este livro discutiu as diversas técnicas associadas às desconferências (entretando, o livro não usa este termo).


São 4 os Princípios - chamar de regras acho que descaracteriza o processo:

1) Seja quem for que veio, é a pessoa certa;

2) O que quer que aconteça, é apenas aquilo que deveria ter acontecido;

3) Quando quer que comece é a hora certa;

4) Quando acaba, acabou.


A eles vem atrelada uma "lei" conhecida como Lei dos Dois Pés: "se a qualquer momento você encontra-se em qualquer situação onde você não estiver nem aprendendo ou contribuindo – use seus dois pés para ir a algum lugar onde você possa gostar.


Este local poderia ser outro grupo, na cafeteria ou mesmo fora na luz do sol. Não importa o quê, a idéia é que você não tenha qualquer desconforto em relação ao que está fazendo. A lei, tal qual está escrita,pode soar como hedonismo, mas mesmo este tem o seu lugar e muito provavelmente pessoas mais felizes devem ser, em teoria (e acho que na prática também) mais produtivas.



Uma Nova Forma de Organização Social


Em seu livro “The Rise of the Creative Class”, o sociologista Richard Florida descreve a evolução de ocupações como designers, programadores, e cientistas que dirigem a economia. De acordo ele, a Classe Criativa não é apenas a catalisadora da atividade econômica na era da informação, como está atualmente transformando a forma como nossa sociedade é organizada.

A natureza do trabalho está mudando: ocupações Criativas requerem longas horas, mas funcionam essencialmente com horários flexíveis e mobilidade maior. Isto significa que requeremos e demandamos um diferente conjunto de sistemas de suporte, assim como de atividades das comunidades e redes onde estamos inseridos.


Organizações poderosas como as igrejas e clubes da comunidade têm tradicionalmente definido nossas interações sociais. Estas cabeças, neste momento, estão rolando. Nossos relacionamentos mais leves e próximos (colegas e conhecidos) devem ser uma forma mais efetiva de interação. O Open Space então parece ser um passo óbvio nesta direção.

Por requerer infraestrutura e organização de uma indústria mais experiente, o Open Space pode acontecer mais frequentemente, porque seu custo é baixo e qualquer um que deseje pode ir; isso é o mais importante. Só quem tem real interesse pelo o que será discutido lá estará; o modêlo é bem diferente do tradicional onde as pessoas são "obrigadas" a comparecer a um local quando, na realidade,seu pensamento está em outro. Essa pessoa certamente em nada contribuirá com o ambiente e seus objetivos.

De certa forma todos no Open Space participam: interagindo, fazendo networking, trocando idéias e experiências, perguntando, respondendo. Óbvio que o Open Space não é a única alternativa para a reunião de profissionais - aliás, posso afirmar por experiência própria que ele é como um hacker dentro de modelos tradicionais já estabelecidos.


Acho que há uma relação de amor e ódio de quem participa: ou adora ou detesta. Particularmente para estes últimos acho que o "detesta" significa estar muito ligado a um modelo tradicional ou não suportar uma discussão mais profunda ou ainda não conseguir argumentar frente a determinada "situação-surpresa" no evento, vamos assim chamar.


No entanto, o Open Space pode crescer muito e também ser utilizado como um método por trabalhadores criativos para construir um projeto, um novo evento ou mesmo um novo tipo emergente de comunidade.


Como o Open Space cresce em popularidade na economia criativa - e nesta, idéias, imaginação, criatividade e inovação aplicam-se a quaisquer segmentos da economia, a qualquer atividade econômica - algumas dessas reuniões irão naturalmente gravitar em direção a resultados sociais. Como por exemplo juntam-se ao Rotary ou Lions Clubs, as pessoas podem tornar o Open Space um meio e método produtivo para prover um fórum para discussão aberta e colaboração, voltada para resolver problemas complexos.


O Open Space pode ser conduzido em diferentes modelos. Alguns deles são:


Fontes:

  1. money.cnn.com Why "unconferences" are fun conferences
  2. wikipedia "open space technology"

Links:

Se você quiser conhecer mais veja esta apresentação online sobre Open Space, de Kaliya Hamlin.

E, para finalizar, um
Wordle (abaixo, uma das ferramentas online que utilizamos nos "Open Spaces" da NexPeople) que sintetiza uma entrevista de Harrison Owen falando sobre o tema. Aliás o Wordle tem lugar cativo na minha lista Web2.0 :-)


Giancarlo

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